Opinião – Zita Freire, CEO do Grupo FF: “Colmatar as disparidades de género no mercado de trabalho”
No Dia Internacional da Mulher, Zita Freire foi convidada pelo jornal semanário Região de Leiria a expor a sua opinião sobre o tema “Portugal está a fazer o que é necessário para promover a igualdade de género?”
Tendo em conta a estratégia levada a cabo pela UE quanto à igualdade de género no seu programa 2020-2025, em Portugal ainda estamos muito aquém no que toca a várias matérias nesse campo.
Olhando para os objetivos estratégicos, sendo um deles “nem violência nem estereótipos” Portugal acompanha a tendência sendo, apesar, dos vários esforços feitos nas campanhas de sensibilização para o fim da violência contra mulheres, ainda há muito a fazer nomeadamente na prevenção dos vários tipos de violência, seja ela física, psicológica, social ou sexual. A informação sobre os vários tipos de violência é fundamental para ajudar na sua denuncia.
Quanto aos estereótipos de género ainda existem expectativas estereotipadas baseadas em normas para mulheres e homens/ raparigas e rapazes limitando as suas aspirações, escolhas e liberdade, pelo que necessitam de ser eliminadas. Os estereótipos de género contribuem fortemente para as disparidades salariais entre homens e mulheres, segundo um estudo levado a cabo pela UE 44% consideram que o trabalho mais importante da mulher é cuidar da casa e 43% consideram que o papel do homem é ganhar dinheiro. Para que haja igualdade de oportunidades é fundamental a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar dos trabalhadores.
Esta é uma das formas, se não a única, de iniciar a colmatar as disparidades de género no mercado de trabalho, contudo em Portugal, as respostas à infância são insuficientes colocando as mulheres em grande desigualdade de oportunidades. Ignorar medidas de conciliação entre vida familiar e profissional poderá trazer grandes problemas demográficos a medio longo prazo uma vez as mulheres optarem, cada vez mais, por ter uma carreira sólida e próspera ao invés de constituir família. Se quisermos, no futuro, ter uma sociedade saudável e equitativa temos que começar pelo início: políticas de conciliação da vida familiar e profissional atacando duas frentes estruturais, sendo a demografia e igualdade de género.
Artigo de opinião no Região de Leiria